O estudo do comportamento no contexto analítico-comportamental: uma historicidade crítica e reflexões ético-políticas
Palavras-chave:
História da Psicologia, Behaviorismo Radical, Comportamento, ControleResumo
Este ensaio discute criticamente os aspectos históricos do estudo do comportamento humano na Psicologia, bem como as implicações ético-políticas relacionadas a este tema. É realizado um delineamento histórico da construção da categoria “comportamento” para a Psicologia ao longo do século XX, problematizando os possíveis impactos ético-políticos das práticas da ciência do comportamento. Trata-se de um trabalho estruturado em três seções: 1) Comportamento: Uma categoria sob o domínio científico norte-americano, em que se discute como o estudo do comportamento foi construído a partir da predominância das ciências tradicionais e do ideal da objetividade científica; 2) A reconstrução do “comportamento” na Psicologia a partir do pensamento skinneriano, em que é apontado o fortalecimento da ideia do comportamento como tema da Psicologia a partir da perspectiva Behaviorista Radical; e 3) É possível uma Ciência do Comportamento com responsabilidades ético-políticas?, em que se busca problematizar a associação entre “comportamento” e “controle” em uma ciência do comportamento e implicações ético-políticas decorrentes disso. Conclui-se que: 1) O “comportamento” como objeto de investigação contribuiu para que a Psicologia pudesse se aproximar das ciências naturais; 2) O Behaviorismo Radical de Skinner tem fortalecido a ideia de que o estudo do comportamento pode contribuir para o alcance e solução de problemas sociais; e 3) É possível que cientistas do comportamento façam empreendimentos responsáveis a partir de estudos críticos sobre os usos da ciência para instrumentalizar e fortalecer grupos dominantes e sobre as possibilidades de usar os conhecimentos científicos para enfrentar certos mecanismos de dominação.